Infertilidade Masculina - As causas, os exames e os tratamentos médicos e naturais

O homem hoje é menos fértil que no passado? Nos últimos cinquenta anos as estatísticas mostraram que o grau de fertilidade e a capacidade de reprodução entre os homens diminuíram.

Como tratar a infertilidade masculina?

Os aspectos mais proeminentes da baixa fertilidade observados pelos pesquisadores são:

  1. Baixa contagem de espermatozoides;
  2. Diminuição do movimento (motilidade) e vitalidade do esperma;
  3. Aumento do número de espermatozoides anormais.

Uma das razões mais importantes que os pesquisadores veem por trás da ocorrência desse problema é a poluição ambiental, que se tornou uma preocupação alarmante. A essa poluição se atribui todos os tipos de toxinas, resíduos nocivos, produtos químicos aos quais estamos expostos, os quais afetam negativamente o processo de formação de esperma nos testículos.

Além dos fatores ambientais, outras causas da infertilidade incluem:

  • A presença de um defeito estrutural, congênito ou genético que impede a formação de espermatozoides saudáveis;
  • Falha dos testículos em descer até o escroto;
  • Infecção que afeta o processo de produção de esperma, como a caxumba;
  • Lesão testicular;
  • Desequilibrío imunológico que gera anticorpos contra os espermatozoides;
  • Uso de anabolizantes;
  • Tabagismo excessivo;
  • Cosumo de drogas;
  • Exposição frequente à radiação de altos graus;
  • Não conseguir ejacular, seja pela lesão de nervos específicos ou pela disfunção erétil, dentre outras.

A relação da testosterona com a infertilidade

A relação entre o hormônio masculino testosterona e a infertilidade é algo que merece atenção, visto que, muitas vezes pode ser perfeitamente evitada.

Ter os níveis normais de testosterona é importante para a saúde do homem. A produção do hormônio cai gradualmente com o passar da idade, estando dentro dos parâmetros normais esperados. Entretanto, em certas condições o baixo nível de testosterona pode afetar a fertilidade masculina. Para alguns homens, o médico pode lhes indicar a terapia de reposição hormonal para melhorar os sintomas relacionados à baixa testosterona.

Em contrapartida, o uso excessivo de anabolizantes, que são derivados desse hormônio, pode causar uma série de desequilíbrios no organismo, inclusive ser a causa da infertilidade para alguns.

Hoje, muitos dos homens e mulheres que usam anabolizantes são atletas, fisiculturistas e jovens que vão à academia e buscam melhorar seu desempenho e aparência física. Ou seja, buscam o efeito anabólico dos esteróides, especificamente aumentando o tecido muscular e reduzindo a gordura corporal. Mas o abuso excessivo dessas substâncias sem qualquer supervisão médica pode ter consequências para a saúde, inclusive ser a causa de uma infertilidade.

A formação de esperma, um processo conhecido como espermatogênese, é regulado pela produção natural da testosterona nos testículos.

Isso significa que, quando há alta produção de espermatozoides, a testosterona envia um sinal ao cérebro e a síntese de LH e FSH é bloqueada, hormônios estes que são secretados pela hipófise e responsáveis ​​por estimular a espermatogênese.

Porém, ao aumentar a concentração de testosterona no sangue com injeções de esteróides anabolizantes, ocorre um bloqueio contínuo da produção do esperma, levando a um quadro de azoospermia, que significa a ausência de espermatozoides na ejaculação.

O corpo não consegue distinguir se a origem do hormônio testosterona é natural ou artificial, então a formação de esperma nos testículos é interrompida causando esterilidade.

Além disso, à medida que cessa a geração de espermatozoides, os testículos ficam menores, uma vez que a maior parte do volume testicular corresponde aos túbulos seminíferos onde ocorre a espermatogênese.

Essa alteração hormonal pode ser revertida após a eliminação do suprimento externo de esteróides anabolizantes, mas levará no mínimo três meses para restaurar a função testicular.

Em resumo, ter baixos níveis de testosterona diminui a fertilidade, porém altos níveis também são prejudiciais. Logo, a solução está no equilíbrio hormonal e no acompanhamento com um profissional qualificado.

O declício da fertilidade aos 40 anos

À medida que os homens envelhecem, seus testículos estão sujeitos a mudanças estruturais relacionadas à idade, como o estreitamento dos túbulos seminíferos, juntamente com mudanças morfológicas, incluindo uma redução no número de células germinativas.

Os níveis da testosterona total e livre diminuem com a idade à medida que aumenta-se a atividade disfuncional dos testículos.

Ainda, espécies reativas de oxigênio começam a se acumular na célula germinativa masculina com o envelhecimento, causando danos ao DNA do esperma e estresse oxidativo.

Uma meta-análise de 90 estudos examinando o efeito da idade na fertilidade masculina encontrou uma diminuição no volume total do sêmen relacionada à idade, número total do espermatozoides, morfologia e motilidade típicas do esperma, além de um aumento na fragmentação do DNA.

Após uma análise dos parâmetros do sêmen em homens saudáveis ​​com idade entre 22 e 80 anos, foi demonstrado que a motilidade espermática e o volume do sêmen diminuíram gradativamente ao longo do tempo, mas sem um limite de idade específico.

No entanto, uma pesquisa semelhante envolvendo a análise retrospectiva dos parâmetros do sêmen em 5.081 homens com idade entre 16,5 e 72,3 encontrou o seguinte:

  • O número de espermatozoides móveis e a contagem total destes diminuíram após 34 anos;
  • O número de espermatozoides com morfologia e concentração típicas diminuiu após 40 anos;
  • A motilidade do esperma diminuiu após 43 anos;
  • O volume de ejaculação produzido diminuiu após 45 anos;
  • A proporção de espermatozóides portadores de Y:X diminuiu na ejaculação após 55 anos.

Coerente com isso, os pesquisadores do estudo observaram que independente da idade da mulher, a chance de concepção diminui em homens com mais de 34 anos.

Os mecanismos subjacentes do declínio relativo à idade na fertilidade masculina ainda não são bem compreendidos. Presume-se que tais mudanças podem ser devido ao aumento do risco de danos ao sistema reprodutivo resultante de infecções ou tabagismo, redução dos tecidos e danos ao reparo celular devido à exposição a toxinas ou doenças, ou ainda devido a mudanças normais que ocorrem dentro do sistema reprodutivo à medida que os indivíduos envelhecem.

Exames feitos para investigar a infertilidade masculina

Se o homem perceber alguma alteração no líquido ejaculatório, como por exemplo a diminuição do volume da ejaculção ou mesmo a ausência desta, a dificuldade para manter a ereção ou em ter filhos; o indivíduo deve procurar o urologista, que é o médico especialista por cuidar da infertilidade masculina.

Para o diagnóstico de problemas de infertilidade, os seguintes exames podem ser feitos:

1. Exame físico geral e história médica:

Inclui um exame dos órgãos genitais e perguntas sobre doenças hereditárias, problemas crônicos de saúde, doenças, ferimentos ou cirurgias que podem afetar a fertilidade. O médico pode perguntar sobre os hábitos sexuais e desenvolvimento sexual durante a puberdade.

2. Análise de sêmen:

As amostras de sêmen podem ser obtidas de duas maneiras diferentes. O homem pode fornecer uma amostra de sêmen obtida masturbando-se e ejaculando em um recipiente especial no consultório médico. Ou pode ser coletado usando um preservativo especial durante a relação sexual.

O sêmen é então enviado a um laboratório para contar o número de espermatozoides presentes e procurar qualquer anormalidade na forma e motilidade do esperma. O laboratório também testará o sêmen em busca de sinais de problemas, como infecções.

Frequentemente, a contagem de espermatozoides varia significativamente de uma amostra para outra. Na maioria dos casos, várias análises de sêmen são realizadas dentro de um determinado período para garantir resultados precisos.

3. Ultrassom escrotal:

Este teste usa ondas sonoras de alta frequência para produzir imagens do interior do corpo. Usando um ultrassom escrotal, o médico pode ver se há presença de varicocele ou outros problemas com os testículos.

4. Ultrassom transretal:

Uma pequena haste lubrificada é inserida no reto. Isso permite que o médico examine a próstata e veja se há bloqueios nos canais que transportam o sêmen.

5. Análise hormonal:

Os hormônios produzidos pela glândula pituitária, hipotálamo e testículos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento sexual e na produção de espermatozoides. Anormalidades em outros sistemas hormonais também podem contribuir para a infertilidade. Um exame de sangue mede o nível de testosterona e outros hormônios.

6. Exame de urina após a ejaculação:

O sêmen na urina pode indicar que o esperma é liberado na bexiga em vez de sair do pênis durante a ejaculação, chamada de ejaculação retrógrada.

7. Teste genético:

Uma contagem de espermatozoides muito baixa pode ser devida a uma causa genética. Um exame de sangue pode revelar se há alterações sutis no cromossomo Y (sinais de uma anormalidade genética). O teste genético pode ser solicitado para diagnosticar uma variedade de síndromes hereditárias ou congênitas.

8. Biópsia testicular:

Este teste envolve a coleta de amostras de um testículo com uma agulha. Se os resultados da biópsia testicular mostrarem que a produção de esperma é normal, é provável que o problema seja devido a um bloqueio ou outro problema relacionado ao transporte de sêmen.

9. Análises especializadas da função seminal:

Vários testes podem ser usados ​​para analisar a capacidade do esperma de sobreviver após a ejaculação e a capacidade de penetrar em um óvulo. Esse teste não é usado ​​com frequência e geralmente não altera significativamente as recomendações de tratamento.

Tratamentos que podem ser recomendados

Os tratamentos para infertilidade masculina dependem muito da causa. Os mais recomendados incluem:

1. Cirurgia:

Por exemplo, com cirurgia, muitas vezes é possível corrigir uma varicocele (dilatação anormal das veias testiculares) ou reparar um canal deferente bloqueado. Vasectomias anteriores podem ser revertidas. Nos casos em que não há espermatozoides presentes na ejaculação, o esperma geralmente pode ser recuperado diretamente dos testículos ou do epidídimo.

2. Tratamento de infecções:

O tratamento com antibióticos pode curar uma infecção do trato reprodutivo, mas nem sempre restaura a fertilidade.

3. Tratamentos para problemas nas relações sexuais:

Medicamentos ou aconselhamento podem ajudar a melhorar a fertilidade para condições como disfunção erétil ou ejaculação precoce.

4. Tratamentos hormonais e medicamentos:

O médico pode recomendar a reposição hormonal ou medicamentos para infertilidade causada por níveis altos ou baixos de certos hormônios, ou ainda problemas com a maneira como o corpo os usa.

5. Técnicas de reprodução assistida:

As técnicas de reprodução assistida consistem na obtenção de espermatozoides através da ejaculação normal, remoção cirúrgica ou doadores individuais, de acordo com o caso específico e as preferências do indivíduo. O esperma é então inserido no trato genital feminino ou usado para fertilização in vitro ou injeção intracitoplasmática de esperma.

Como aumentar a fertilidade masculina de maneira natural?

A saúde deve ser vista como algo integral, onde os detalhes contam. E para ajudar a impulsionar a fertilidade masculina, confira as dicas que podem ajudar a melhorar a saúde, trazer mais qualidade de vida, e de quebra ajudar a melhorar o esperma:

Pare de fumar

Parar de fumar é um dos aspectos mais importantes. Isso porque o tabagismo pode levar à produção de um número menor de espermatozoides e com baixa motilidade, além de um aumento na produção de esperma anormal.

Após um período de três meses - que é o tempo de formação do esperma - desde o abandono do cigarro, os espermatozoides gradualmente voltam ao seu estado normal e, assim, contribui-se com a fertilidade.

Continuar a fumar quando se tem um filho pode expor o recém-nascido a problemas respiratórios frequentes, como a asma brônquica, além de aumentar a sua suscetibilidade a resfriados e bronquite.

Tenha uma nutrição adequada e balanceada

A falta de certas vitaminas e minerais, como zinco, vitamina B12 e vitamina E, afeta o processo de produção de esperma, o que reflete a importância de uma alimentação saudável e equilibrada em nutrientes. Para isso, inclua na alimentação frutas, vegetais frescos, legumes e leguminosas, mas evite alimentos gordurosos, com muito açucar ou sódio.

Pratique exercícios físicos regularmente

O exercício regular garante a aptidão física e aumenta a vitalidade do corpo, e isso torna os cônjuges mais preparados para o processo de procriação e, posteriormente, ajuda a esposa a suportar as desafios da gravidez em maior medida, em comparação com outras pessoas que carecem de aptidão física adequada.

Evite as drogas

Assim como os espermatozoides são prejudicados pelos malefícios do cigarro, o dano infligido a eles também é grande no caso de o homem consumir entorpecentes ou substâncias intoxicantes de vários tipos.

Essas toxinas levam à diminuição dos espermatozoides e ao enfraquecimento de sua vitalidade, bem como o aumento na porcentagem de espermatozoides defeituosos.

Mantenha os testículos frios

Você pode se surpreender com este conselho inusitado. Mas qualquer coisa que aumente a temperatura dos testículos afeta o processo de produção de esperma. Se você está se preparando para ter um filho, evite a água muito quente, cuecas justas, especialmente as feitas de fibras sintéticas. Em vez disso, use roupas confortavéis e de algodão.

Atenção a esses perigos

A exposição à radiação ou a alguns produtos químicos pode reduzir o grau de fertilidade, já que isso leva a danos no processo de espermatogênese.

Deve-se ter cuidado com a exposição repetida à radiação eletromagnética, que tem se tornado frequente ao nosso redor. Há um estudo que indica seu perigo para a fertilidade do homem, onde as fontes dessas radiações são as centrais elétricas, micro-ondas e o telefone celular no bolso da calça (ainda não foi provado de forma conclusiva que os telefones afetam a fertilidade dos homens).

Use anabolizantes somente com supervisão médica

Os anabolizantes têm seus beneficíos e malefícios. Usá-los de maneira supervisionado e sem exageros é o ideal para preservar a fertilidade.

Vitamina B12 para aumentar a fertilidade: uma nova descoberta

A última descoberta sobre as vitaminas do complexo B, em especial a B12, e sua relação com a fertilidade é que a vitamina B12 estimula a produção de espermatozoides de melhor qualidade, o que pode curar a infertilidade em alguns casos.

A revista médica “The Lancet” mencionou em um artigo que alguns médicos conseguiram tratar a infertilidade masculina dando altas doses de vitamina B12 por injeção aos pacientes, já que esse regime terapêutico levava a um aumento na maturidade do esperma.

A vitamina B12 também é usada como um tratamento para a infertilidade feminina causada por anemia perniciosa, onde faz-se presente a deficiência dessa vitamina.

Alguns médicos acreditam que, em casos de infertilidade ou esterilidade, deve-se medir o nível de vitamina B12 no sangue. Se for comprovado que há deficiência, a vitamina deve ser administrada para ajudar a superar o problema.

Referências:

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